quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Polimorfismo PAI -1

Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1189446364455287&set=a.225018420898091.55209.100001698046542&type=3

Já ouviu falar sobre o PAI-1?

O PAI -1 (Inibidor do ativador de plasminogênio tipo 1) é uma (serpina) protease que controla a coagulação sanguínea. Essa substância é secretada em diferentes tecidos como: endotélio vascular, fígado e em grande quantidade pelo tecido adiposo, especialmente o tecido adiposo visceral. Uma elevada atividade e concentração de PAI – 1 reduz a atividade fibrinolítica, o que está associada ao aumento no risco de doenças cardiovasculares. Considerada também uma citocina pró-inflamatória (Associada com TNF-alfa e IL-6 por ex.) possui correlação inversa com o VO2máx (capacidade máxima que o organismo tem em captar o oxigênio do ar, transportar e utilizar nos músculos), correlação positiva com a resistência à insulina (pré-diabetes), diabetes tipo 2, obesidade e dislipidemia (colesterol e triglicerídeos alterados). Este pode ser regulado à partir de concentrações de t-PA (Ativador de plasminogênio tecidual), um equilíbrio entre o t-PA e o PAI-1 são necessários para o processo de coagulação sanguínea afim de evitar formações de trombos e também afim de coagular de maneira precisa durante um machucado, por exemplo. Alguns medicamentos como estatinas (controle do colesterol) e a metformina (controle da glicemia) parecem modular positivamente as concentrações de PAI-1. Mas não vamos focar nos remédios, deixe para os médicos, pois são eles que entendem.

PAI-1 e gravidez

Numa complexa interação metabólica e enzimática, o PAI-1 também está associado à abortos de repetição, em especial quando relacionados a indivíduos com polimorfismo do alelo 4G/4G podendo responder até 47% de aumento do PAI-1 quando comparado a outros alelos (4G/5G e 5G/5G). Ao reduzir a fibrinólise pode causar trombose e induzir à insuficiência placentária, impedindo o desenvolvimento fetal.

PAI-1 e exercício físico

Estão bem estabelecidos os diferentes benefícios do exercício físico regular em diferentes parâmetros de saúde, principalmente na redução da atividade de citocinas pró-inflamatórias bem como um aumento nas citocinas anti-inflamatórias. Estudos que avaliaram os efeitos do exercício regular em processos hemostáticos demonstram um efeito regulador positivo.

Entretanto, ainda considerada uma carência na área de exercício físico, são poucos estudos que apresentam um tipo, duração, frequência e intensidade ótima afim de responder positivamente aos processos de equilíbrio hemostático e consequente redução do PAI-1.

Um grupo de pesquisadores finlandeses lideraram um ensaio clínico randomizado longitudinal com 3 anos de seguimento. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos do exercício físico regular nos alelos 4G/5G promotores do gene do PAI-1.


Participaram do estudo 212 homens com idades entre 50 e 60 anos que foram avaliados no início, 12 meses e 30 meses após. Foram avaliados triglicerídeos, insulina e PAI-1, além de serem avaliados para identificação dos alelos (4G/4G, 5G/5G e 4G/5G). Apenas 140 homens participaram das análises até o final do estudo. Após realizarem o teste cardiopulmonar, foram identificados os limiares ventilatórios 1 e 2 e os grupos foram divididos aleatoriamente em dois grupos (intervenção e grupo controle).

O grupo intervenção realizou exercício aeróbio contínuo na intensidade do limiar ventilatório 1 (40 a 60% do VO2max) 5x/semana por 1h.
Como esperado, o grupo intervenção aumentou em 8,8 e 5,9% o limiar 1 e 2 respectivamente.
Apenas o grupo com o alelo 4G/4G reduziu em 36% o PAI-1. O triglicerídeo reduziu em ~10 mg/dL em todos os alelos.
Um aumento da adrenalina plasmática está relacionado a um aumento do t-PA que reduz a atividade do PAI-1, além de que um aumento do t-PA apresenta efeito protetor contra eventos aterotrombóticos durante o exercício.
Os pesquisadores concluíram que o exercício regular realizado na intensidade do limiar 1 mostrou-se benéfico na redução do PAI-1 apenas no grupo com alelo 4G/4G (36% de redução).
Num estudo que investigou homens com Síndrome Metabólica (SM) que realizaram exercício aeróbio contínuo com intensidade moderada, os autores identificaram redução do PAI-1 e dos fatores de risco da SM. Indivíduos com doença arterial periférica também se beneficiaram com a realização de exercício aeróbio contínuo de intensidade moderada (65% da FCmax por 30 min), apresentando redução da PAI-1.

A partir desses resultados positivos com o exercício físico, lacunas ainda precisam ser preenchidas a respeito da hemostática.

1- Boa parte dos estudos utilizam apenas homens como amostra;
2- Os efeitos em mulheres será o mesmo que em homens?
3- Treino de força (qual será mais adequado para essas mudanças? Volume ou intensidade?
4- Estudos com alta intensidade são escassos, será que o HIIT pode apresentar efeito positivo na redução da PAI-1 e aumentar a t-PA? Eu acredito que sim. Mas isso é para outra postagem.

Mensagens para levar para casa:

Mulheres que pretendem engravidar e que possuem alelo 4G/4G para PAI-1 podem se beneficiar positivamente com o exercício físico, reduzindo ao menos um dos problemas de coagulação.

Faça exercício físico regularmente e desfrute dos vastos benefícios. Está com dúvida de como realizar? Procure um profissional de Educação Física, que é o profissional responsável pela prescrição adequada de exercícios físicos.

Abraços! Victor Gasparini

Referências:
1- Thromb Haemost 1999; 82: 1117–20
2- Med. Sci. Sports Exerc., Vol. 33, No. 2, 2001, pp. 214–219
3- Rev. bras. hematol. hemoter. 2005;27(3):213-220
4- Metabolism, Vol. 49, No. 7 (July), 2000: pp. 845-852

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